Janeiras
Nas Janeiras, que ocorrem após o Natal, grupos de populares vão de porta em porta, de noite, desejar Boas Festas aos seus ocupantes. Em troca, pedem algo em troca - como por exemplo, enchidos, vinho ou dinheiro. Os que nada dão são alvo de quadras alusivas ao seu egoísmo.
Páscoa
A comemoração da Páscoa engloba diversas actividades que percorrem toda a Quaresma. Entre elas, destacam-se os cânticos no alto da torre da Igreja (onde se entoavam temas como "Os Martírios do Senhor" e "Mãe Dolorosa").
Estes cânticos eram a excepção nesses quarenta dias, pois, como se pode ler na obra Aranhas, Ontem e Hoje "Não havia bailes nem se cantavam as lindas canções que eram entoadas no resto do ano.Não havia divertimentos, ou mais propriamente, jogos próprios para esta época.
O único cântico eram os «Martírios». Um pequeno grupo de pessoas subia ao alto da torre da Igreja, de modo a que a maioria da população as pudesse ouvir."
É também nesta época - assinalando a Paixão e Morte de Jesus - que a aldeia organiza uma Via Sacra que percorre várias ruas, cabendo aos habitantes preparar cada uma das estações.
Na noite anterior ao Domingo de Páscoa cantam-se as Alvíssaras. Tempos houve em que os cantares terminavam à porta do padre da freguesia que oferecia a todos os presentes bolos e bebidas quentes.
Nossa Senhora da Penha
Nossa Senhora da Penha é a padroeira de Aranhas, e a sua festa comemora-se sempre no 1º Domingo do mês de Maio. Nesse dia, uma Missa é feita especialmente em sua homenagem. segue-se uma procissão encabeçada pela imagem da Virgem.
Esta comemoração fica sempre associada ao Dia da Mãe, que acontece igualmente no primeiro Domingo do mês de Maio.
No mesmo dia realiza-se o Bodo. O primeiro Bodo Popular de Aranhas realizou-se em Abril de 1985 (segundo o livro Aranhas, Ontem e Hoje). Até há bem pouco tempo, o local escolhido para a realização deste convívio era o adro da Igreja. Actualmente, o Bodo realiza-se no recinto de festas, um sítio que tem, indiscutivelmente, melhores condições. Mas perdeu-se um pouco do ambiente tradicional que existia no adro e não existe no actual recinto.
Nossa Senhora do Bom Sucesso
A estátua de N. Sra do Bom Sucesso está na capela do monte que vigia a aldeia. Os primeiros festejos datam de 1896, sendo na altura realizados nos finais de Setembro. Mais tarde, a data seria alterada para o terceiro domingo de Agosto, mantendo-se assim até hoje.
Na semana anterior ao dia da festa (sempre no dia 15 de Agosto), a estátua desce a colina, numa procissão (que tem sido realizada à noite nos últimos anos) e é colocada na Igreja Matriz. Aí fica até domingo. Nesse dia, a aldeia acorda ao som de uma Banda Filarmónica (normalmente, a Banda da Aldeia de João Pires), que percorre várias ruas tocando diversos temas musicais. Por volta do meio-dia, uma procissão faz o percurso entre a Igreja Matriz e a Capela, com a imagem da Virgem que, assim, regressa à sua "casa". É o momento de as janelas das casas serem enfeitadas de colchas que emprestam um colorido único à aldeia. Finalizando os festejos religiosos, relaiza-se uma Missa Campal no alto do monte, junto à capela.
A par das comemorações religiosas, é nestes dias que se fazem as grandes festas populares com grupos musicais, rifas, "comes e bebes" e outras actividades. A aldeia enche-se com forasteiros - muitos deles emigrantes - que nesta época regressam para matar saudades das suas origens.
A Festa do Ramo
Uma semana após os festejos em honra de Nossa Senhora do Bom Sucesso, realiza-se o tradicional "Ramo". Neste dia já a aldeia não tem a enchente dos dias anteriores: muitos já partiram e em várias povoações vizinhas celebram-se as respectivas festas, o que condiciona a presença de "forasteiros". No entanto, a festa do Ramo reúne uma parte significativa dos que estão na aldeia e permite um último momento festivo antes do "regresso à normalidade" típico de uma pequena povoação beirã.
Natal
Uma das tradições da época natalícia é a do madeiro. Todos os anos, cabe aos jovens da aldeia em idade de "irem às sortes" (à inspecção militar) a responsabilidade de manterem a tradição do madeiro. As "sortes" já não são o que eram, e a falta de gente nova acaba por fazer com que se juntem jovens e menos jovens na tarefa de recolher os troncos que serão imolados na véspera de Natal.
No dia 8 de Dezembro, tractores carregados de madeira transportam a lenha até ao adro da Igreja. Os sons de búzios e cornetas ecoam pela aldeia, avisando a população da sua chegada. As ruas enchem-se de gente ao som de vivas ao madeiro, à aldeia e a muitas outras coisas que se vão gritando ao longo do percurso.
A tarefa de juntar todos os troncos concretiza-se perante o olhar da população que enche o adro.
No dia 24, o madeiro acende-se. O Natal na aldeia ganha agora um calor diferente e umas cores quentes que amenizam o frio intenso. Nessa noite, as chamas serão rodeadas pelo som dos acordeons e dos cantares tradicionais. Pelo ar, as "fonas" de cinza fazem lembrar flocos de neve.
Na noite de Natal celebra-se a tradicional Missa do Galo. Depois, à volta do madeiro, o povo da aldeia reúne-se, embalado por cânticos populares que fazem parte da história de Aranhas. É um momento de convívio em que o frio é combatido com bebidas quentes e com as danças tradicionais.